O paciente como protagonista do cuidado de enfermagem durante a hospitalização: subsídios para a autonomia no processo de viver com DCNTS
Publication year: 2018
Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo do tipo etnográfico sobre a autonomia do paciente hospitalizado no processo de viver com doença crônica não transmissível.
Os objetivos foram:
discutir o cuidado de enfermagem centrado no paciente com DCNT, como suporte e incentivo à autonomia para o autocuidado no âmbito da atenção hospitalar; descrever o processo de cuidar da equipe de enfermagem aos pacientes com DCNT hospitalizados em enfermaria de clínica médica; identificar a concepção de autonomia de pacientes hospitalizados com DCNT e da equipe de enfermagem que atua em enfermaria de clínica médica. A coleta de dados foi desenvolvida no período de janeiro a junho de 2017 nas clínicas médica masculina e feminina do hospital universitário, mediante as técnicas de observação simples, observação participante e entrevista semi-estruturada seguida de análise de conteúdo. Foram realizadas 50 entrevistas, sendo 30 com profissionais da enfermagem e 20 com pacientes hospitalizados com DCNT. Os temas comuns emergentes foram agrupados em quatro categorias temáticas, dentre as quais: autonomia e liberdade; autonomia e inform(Ação); autonomia e realiz(Ação); e autonomia e cultura.Quanto à caracterização dos profissionais:
86,7% do sexo feminino, média de 41,12 anos, 66,7% de técnicos de enfermagem, 40% com tempo de atuação no cenário do estudo de seis meses a cinco anos.Já na caracterização dos pacientes:
60% do sexo masculino, média de 56 anos, 60% casados, 40% com ensino fundamental completo, 45% apresentavam como diagnóstico principal doenças do aparelho circulatório, 80% já tiveram hospitalização anterior e a média de permanência hospitalar foi de 8,04 dias.Quanto à análise das entrevistas:
a categoria autonomia e liberdade identificou na maioria das falas dos pacientes que estava relacionada com a liberdade de realizar as atividades e fazer as suas próprias escolhas sem depender de outras pessoas, ou seja, não faziam a associação da autonomia com a atual condição de estar hospitalizado. Na categoria autonomia e inform(Ação) observou-se uma contradição no discurso dos pacientes com os profissionais. Os primeiros dizem precisar de mais informações, que estão relacionadas ao estado de saúde e o esclarecimento das dúvidas. Enquanto os profissionais relatam que a forma de considerar a autonomia do paciente é oferecer orientações e informações relacionadas ao tratamento e ao estado de saúde. Na terceira categoria autonomia e realiz(Ação) a maioria dos pacientes hospitalizados disseram não depender de outras pessoas para realizar as suas atividades de vida diária. Em contrapartida, trazem em seus discursos que os cuidados relacionados às necessidades básicas estão focados no outro, como por exemplo, tomar conta da mãe, de netos, ajudar os filhos e cônjuges. Já a última categoria aborda as várias formas de cultura, dentre elas a organizacional, por meio das rotinas e regras institucionais; a do modelo biomédico e o processo saúdedoença e a do gênero e papéis sociais. Assim, face aos resultados do estudo apreende-se a cultura do modelo biomédico centrado na doença e tratamento ainda é o norteador da prática da equipe de enfermagem que são guiadas por atendimento de necessidades do paciente por meio de procedimentos técnicos sem, entretanto, estabelecer intervenções para além do tratamento das doenças com ações efetivas que possibilitem a conquista do bem-estar e autonomia do paciente
This is a qualitative, descriptive, ethnographic study about the autonomy of the hospitalized patient in the process of living with a non-transmissible chronic disease.