Publication year: 2019
Introdução:
as Práticas Integrativas e Complementares (PIC) são recursos terapêuticos que oferecem novas perspectivas para o indivíduo em relação ao cuidado em saúde, dentro de uma concepção holística. Ainda que haja um reconhecimento da maioria dos profissionais de saúde sobre a importância das PIC para as suas respectivas profissões e para o Sistema Único de Saúde (SUS), há muitos fatores que podem ser considerados obstáculos à sua implementação nos serviços de saúde. Dentre estas barreiras, se destacam a deficiência na formação de profissionais, a resistência em relação ao novo modelo de cuidado, e o despreparo político e técnico de profissionais da área para uma atuação efetiva com as PIC dentro da realidade do SUS. Em Minas Gerais, em razão de uma parceria entre a Escola de Saúde Pública (ESP) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) desenvolveu-se uma ação educacional em PIC, entre os anos de 2013 e 2014, para gestores, profissionais e conselheiros de saúde intitulada Oficina de Educação Popular em Saúde para Apoiadores da Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares, neste estudo denominada Intervenção Educativa PEPIC SES/MG, baseada na Educação Permanente em Saúde, com a intenção de investigar o percurso do profissional de saúde a partir da sua participação na intervenção educativa e a repercussão no seu cotidiano de trabalho, bem como os sentidos por ele produzidos, com as PIC. Objetivo:
Analisar o desenvolvimento das PIC na Atenção Primária à Saúde, bem como a produção de outros sentidos para a saúde, na perspectiva dos profissionais participantes da Intervenção Educativa PEPIC SES/MG. Metodologia:
tratou-se de um estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa, que teve como público alvo vinte e cinco profissionais de saúde dos quarenta municípios participantes da ação educacional. O percurso metodológico deste estudo incluiu quatro fases:
definição do cenário, caracterização dos participantes, coleta e análise de dados. O cenário do estudo foi o local de atuação dos profissionais participantes da Intervenção Educativa PEPIC SES/MG, nos diferentes municípios que constituíram a ação. Os dados foram coletados por meio da técnica de entrevista semiestruturada. Para análise dos dados, utilizou-se a Teoria de Análise de Conteúdo (AC) proposta por Bardin. Resultados:
Foram formadas as categorias temáticas a partir do agrupamento das falas dos participantes, correspondentes aos temas abordados em cada questão do roteiro de entrevista, quais sejam: desenvolvimento das PIC, mudanças na saúde do município e produção de sentidos para a saúde. Os resultados indicam que a participação do profissional na Intervenção Educativa PEPIC SES/MG trouxe aprendizagem e embasamento para o desenvolvimento das ações em PIC. Evidenciou-se, assim, que as PIC foram implementadas e/ou ampliadas nos municípios pesquisados, embora os profissionais tenham enfrentado obstáculos, sobretudo por falta de apoio dos gestores locais. Para o desenvolvimento das PIC, na APS dos municípios, os profissionais utilizaram diferentes estratégias como a elaboração e aplicação de projetos de implementação das PIC, a divulgação das modalidades de práticas para os demais profissionais e a institucionalização das PIC por meio da criação da Política Municipal. Verificou-se ainda, mudanças nos processos de trabalho dos profissionais e nos hábitos e atitudes dos usuários. Como sentidos produzidos a partir da experiência com as PIC destacam-se a adoção de um novo paradigma de saúde, a compreensão sobre a possibilidade do cuidado diferenciado, a abertura para novos modos de experimentar a saúde e a existência. Considerações finais:
avalia-se que os objetivos traçados para a pesquisa foram alcançados. Considera-se importante afirmar que a incorporação do conhecimento e da aprendizagem relativos às políticas públicas de PIC propiciou encontros e vivências com as PIC potentes para engendrar a produção de conceitos e de novos modos de subjetivação. Portanto, se acredita neste conhecimento como um potencial transformador das práticas de cuidado em saúde.(AU)
Introduction:
The Integrative and Complementary Practices (PIC) are therapeutic resources that offer new perspectives for an individual reagarding his health care in a holistic view. Even though most of the health care professionals believe in the importance of the PIC for their jobs and for the Sistema Único de Saúde (SUS), there are many factors that can make it harder to make the PIC work in the health care environment. One of the obstacles is the failure in teaching and educating professionals, the opposition regarding the new model of care and the lack of awareness from the employees, political and technical, to use the PIC inside their jobs and SUS. To provide a better education and effective use of the PIC, it was developed in Minas Gerais, duo to a partnership between Escola de Saúde Pública (ESP) and Secretaria de Estado de Saúde (SES), an educational study, developed between 2013 and 2014, for directors, professionals and health counselors named Workshop on Popular Education in Health for Supporters of the State Policy on Integrative and Complementary Practices, in this study named Educational Intervention PEPIC SES/MG. Objective:
Analyze the development of PIC in Primary Health Care, as well as the production in other health senses, through the participants in this study. Methodology:
It is an exploratory study, descritive with qualitative view done with twenty five health professionals from forty counties from the educational area. The methodology in this study was divided in four parts:
scenario definition, participant characterization, data collection and analysis. The scenario used was the place of work for the participants professionals. The data was colected through the semi-structured interview technique. To analyze the data, Bardin‟s Content Analysis Theory was used. Results:
There were formed categories based on the interviewee‟s answers to the survey, which were: development of the PIC, changes in the health enviroment of the countie, production of meanings for health. The results shows that the participation of the health professionals in this study brought wisdom and new techniques for the development of the PIC. Overall, the PIC was put in action in the counties studied, even though some professionals had some problems with it, due to lack of support from their bosses. For the development of the PIC in location the professionals used different strategies as elaboration and implementation of projects for the implementation of PIC, dissemination of practical modalities for other professionals and institutionalization of PIC through the creation of Municipal Policy. Also, it was noted changes in the way the professionals used to work before using PIC. From the new patterns of work created after using PIC, the adoption of a new paradigm of health, understanding of the possibility of differential care and openness to new ways of experiencing health are some that standout. Conclusion:
the objects of the study were reached. It is important to say that the incorporation of knowledge and learning related to public policies of PIC has provided encounters and experiences with powerful PIC to generate the production of concepts and new modes of subjectivation. Therefore, this knowledge is believed to be a potential transformative of health care practices.(AU)